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O que os chefões da FIFA e Al Capone tem em comum?

Atualizado: 12 de jan.

Em 27 de maio de 2015, sete dirigentes da FIFA foram detidos em uma operação comandada pelo FBI. A acusação foi de que os sete teriam orquestrado diversos esquemas de corrupção, suborno e lavagem de dinheiro envolvendo a FIFA (Associação de Federações Internacionais de Futebol), especialmente relacionadas as Copas do Mundo da Rússia (2018) e do Qatar (2022). Esses esquemas envolviam não só a FIFA, mas também as confederações de cada continente, dirigentes e políticos importantes, empresários de marcas como Nike e Adidas e de empresas responsáveis por transmissão dos jogos e, segundo a investigação, aconteciam desde 1991!

No fim das contas, diversas pessoas foram acusadas e condenadas, alguns envolvidos ainda continuam foragidos (como Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF) e o então presidente da Associação, Joseph Sepp Blatter, renunciou o cargo.


Dois pontos são interessantes nessa história. O primeiro é que, por se tratar de uma organização internacional e sem fins lucrativos (sim, teoricamente, a FIFA é uma ONG), a FIFA teve o caminho praticamente livre para cometer fraudes e ilicitudes, pois não se trata nem de uma instituição governamental, nem de uma empresa, então as regras que precisava seguir e a fiscalização das mesmas só dependiam dela própria. Toda essa "liberdade burocrática" alinhada ao fato da associação comandar o rumo do esporte mais popular do planeta foi o que fez a associação se tornar uma máquina de dinheiro (e de fraudes).

O segundo ponto interessante foi como o castelo ruiu. Até 2013, varias acusações já haviam sido feitas à FIFA e às confederações de cada pais, separadamente. Suspeita de suborno, compras de jogo, coisas "pontuais". Mas a coisa ficou séria quando o FBI decidiu se envolver.

Como encontrar provas contra a FIFA era muito difícil, pois qualquer documento que comprovasse alguma coisa era responsabilidade da própria FIFA, e eles não estavam muito interessados em pôr em risco essa máquina de dinheiro gigantesca, o FBI precisava de alguém lá de dentro que pudesse comprovar suas suspeitas.

Foi que, em 19 de abril de 2013, o FBI deteve o então secretário-geral da CONCACAF (Confederação dos países da America do Norte e Central), Charles "Chuck" Blazer.

Chuck foi responsável por grande parte das delações da investigação contra a FIFA e foi o principal informante da agência pelos próximos 2 anos, que culminou na prisão dos executivos e na renúncia de Blatter.

E como foi que o FBI consegui deter Charles Blazer sem nenhuma prova dos esquemas da FIFA: seu imposto de renda!

Isso mesmo, em colaboração com a IRS (similar a nossa receita federal) o FBI deteve Blazer por não ter declarado praticamente NENHUMA de suas receitas nos últimos anos, e só isso foi suficiente para fazê-lo delatar um dos maiores esquemas de corrupção do mundo.


Toda essa história é muito bem explicada no documentário "Esquemas da Fifa", estreia recente da Netflix. E para quem gosta do assunto, o livro "O Lado Sujo do Futebol" trata com profundidade sobre a corrupção da FIFA e da CBF durantes os mandatos de João Havelange (ex-presidente da Fifa) e Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF).


É irônico como a história se repete, e assim como Al Capone - um dos maiores mafiosos da história do mundo, comandando um império de tráfico de bebidas, informantes, pontos de apostas, casas de jogo, bordéis, bancas de apostas em corridas de cavalos, clubes noturnos, destilarias e cervejarias - tendo cometido inúmeros crimes, caiu para o IRS simplesmente por não pagar devidamente seus impostos.


Tudo isso mostra que não importa o tamanho da operação, a complexidade dos esquemas nem a influência dos líderes, nenhuma prática ilícita prevalece perante ao fisco. É a única organização que não falha na hora de fiscalizar, capturar e punir transgressores.



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